Tuesday, December 12, 2006

Espacos em branco

Por vezes penso que vai ser dificil aguentar muito tempo este trabalho. Sinto-me cansada... Estou farta disto.... Certos dias apetece mandar tudo para o raio que o parta. Preciso de paz e tranquilidade. Preciso de preencher os meus espacos em branco. Aqueles que talvez um dia me permitam identificar mais com a minha pessoa, com quem eu sou.

O que e realmente importante? Penso nisso frequentemente, talvez demasiado. As vezes o problema e pensar demasiado nas coisas. Sentimos necessidade de gritar ao mundo que nao somos quem sempre desejamos ser! O problema e tambem nao saber quem queremos ser. Dai a necessidade de preencher os espacos em branco. Ficamos com a ideia de que uma mudanca de ares para outra experienca profissional ou ate uma viagem que sempre desejamos fazer nos vai fazer de alguma forma transformar naquilo que sempre desejamos. Mas nao! Os espacos em branco continuam la.

Julgo que nao tenho forcas nem capacidade para aguentar o ritmo de vida que tenho agora. E muita pressao! Custa-me levantar de manha! Quero dormir um sono profundo e acordar apenas quando sentir os meus espacos em branco preenchidos. Nao sei quando vou sentir isso. Acho que tambem nao quero saber. Quero ser feliz mais do que tudo!

Sinto-me num puzzle onde nao consigo encontrar a solucao. Questiono tudo sobre a minha vida!O que fiz, o que faco, o que devo fazer. Questiono-me demais. Quero fugir de quem sou!Acho que nunca serei feliz ate me aceitar verdadeiramente. E porque? Poderiam dizer que tenho tudo para ser feliz. Nao compreendo. V ejo as pessoas a minha volta e aparentam ser felizes. Por vezes tudo ilusao. Acho que vivo para as outras pessoas e nao para mim propria. So me interessa o que os outros vao pensar. Tenho de me libertar disto.

Amanha comeco as minhas ferias em Beijing. Sinto que vao ser maravilhosas! Amanha estarei bem melhor! Mais forte!

O meu porto de abrigo vira!

Que saudades!

Lost in Translation – Part III - Beijing

A chegada a Beijing e bastante enevoada! Pouco se consegue ver. O hotel e a empresa ficam localizados ainda a uns 20 kms do centro da cidade. Condicoes do hotel: muito melhores: tempo ainda para um jantar tardio antes de ir deitar.

No dia seguinte reuniao de budget no escritorio. Bastante moderno, a contrastar com as instalacoes do dia anterior. A sala esta um bocado quente e chego ao fim do dia exausta! As coisas nao correram da melhor forma. Tenho um colega que tem a mania que sabe tudo! Apetece-me manda-lo a um sitio. Tambem tenho o direito de fazer perguntas parvas! Bolas, ha dias que sao melhores que outros. E dificil sobressair no meio deste tipo de pessoas! PACIENCA! E uma grande virtude!

Hora de almoco: apos alguma conversa de circunstancia la surge a conversa habitual sobre as esposas. Um deles indica que estudos cientificos provam que as mulheres tem uma parte do cerebro que as faz falar mais. Surgem logo as piadas. La em casa todas as mulheres falam pelos cotovelos. A minha mulher nao precisa de muito cerebro, diz outro. E por ai fora. Seguem-se mais algumas piadas e tal. Dizem em tom de brincadeira que se calhar e melhor eu ir a casa de banho. Conheco esta realidade. Ja ouco estas piadas ha algum tempo. Ja desliguei! Aceito-as como piadas! Nem vale a pena. Mas isso para mim acaba por nao ter importancia. Antes todos os males do mundo fossem esses.

Ainda bem que estamos quase a acabar. Tem sido dias inteiros de trabalho com almocos e jantares de trabalho. E obra! E estes gajos gostam disto! So para se verem livres das mulheres!

Ainda ha tempo para um ultimo jantar! Ate nem e muito mau. Va la!

Ja no quarto do hotel recebo um telefonema dele. O voo para Beijing foi cancelado e esta a tentar marcar outro voo. Apos alguma troca de telefonemas consegue arranjar um voo com escala em Chengdu. Em vez de chegar as 9 da manha chega as 7 da tarde.

Deito-me ja as duas da manha. Acordo as 9 e meia. Pequeno almoco e dou uma volta pelas ruas que circundam o hotel. Estamos no distrito financeiro e de negocios. Nao ha muito para ver. Na rua nao se vem um ocidental. Vejo alguns olhares curiosos. Volto para o hotel apos uns 15 minutos. Faco o check out no hotel e apanho um taxi que me leva ate ao hotel onde vou ficar no centro da cidade. A corrida de taxi custa apenas 4 euros (40 RMB).

O hotel fica mesmo ao pe de uma das principais ruas de lojas. Saio para conhecer um pouco o movimento das ruas. Comecam a aparecer os edificios caracteristicos. Tiro algumas fotos. Nem esta muito frio para esta altura do ano. Vejo muitas decoracoes de Natal. As geracoes mais novas de chineses nas grandes cidades ja comecam a celebrar o Natal. Os centros comerciais sao muitos. Vejo um McDonald’s, um KFC. Nestas alturas sentimos que vivemos mesmo numa aldeia global. A cidade parece-me bastante segura. Os ocidentais continuam a nao ser muitos.

Volto para o hotel ao fim da tarde. Ao fim do dia ja tenho companhia. Nos tres dias seguintes contratamos um guia com um motorista (so para nos, que luxo). Sao tres dias a visitar Tianamen Square, Forbidden City, Coal Hill Park, Behai Park, a Grande Muralha da China, os tumulos de Ming, o caminho sagrado, Hutongs, Lama Temple, Temple of Heaven e Summer Palace. Ainda temos tempo para visitar um dos mercados de Pequim.

Os mercados de Pequim sao autenticos edificios onde podemos comprar grandes marcas a precos muito acessiveis. Os precos tem de ser bem negociados para nao se ser aldabrado. A tentacao e muita. Apetece levar imensa coisa. Tentamos nao nos entusiasmar muito. Dos 5 dias que tivemos em Pequim conseguimos ir a 2 mercados.

Os chineses sao um povo verdadeiramente curioso. As filas nao lhes dizem nada pelo que facilmente se metem a frente de quem for necessario numa fila. E facil ve-los aos encontroes para entrarem em qualquer lado. Isso reflecte-se tambem no transito que e um bocado caotico.

Falar ingles tambem nao e para muitos. Nos hoteis falam um pouco mas os taxista pouco ou nada falam. Vai ser complicado quando forem os Jogos Olimpicos em 2008.

Quanto a comida achei-a mais agradavel do que em Gan Yu. E mais condimentada. Tambem mais condimentada comparativamente ao que comemos nos restaurantes chineses em Portugal. Mas nao achei grandes diferencas fora isso. Fica o sabor do verdadeiro Pato a Pequim!

Aguentei bem a comer comida vietnamita e chinesa durante quase 2 semanas.

Mas esta na hora de voltar ao Velho Continente!

Lost in Translation – Part II – Qingdao e Gan Yu

Dezembro 2006

A saida de Ho Chi Minh City nao foi propriamente facil. Quando chegamos ao aeroporto o nosso voo tinha sido cancelado. Depois foram varias tentativas para conseguir arranjar um voo para Qingdao que chegasse a horas de podermos jantar no hotel em Gan Yu. Finalmente conseguimos!

Ainda temos de fazer escala em Shenzhen e comprar um bilhete. O meu colega fala chines. Que alivio! Poucos ocidentais se vem. No balcao onde compramos os bilhetes encontram-se duas raparigas. Parecem duas miudas entusiasmadas com dois ocidentais. Pedem para nos tirar uma fotografia. Para as fazer felizes acedemos! Ajudam-nos depois no check in.

Chegamos ao aeroporto de Qingdao. Mais um grupo de olhares curiosos! Uma jovem acena-me. Ao principio nao percebo muito bem porque. Acabo por acenar de volta e sorrir. Os meus 15 minutos de fama!

Chegamos a Gan Yu as 10 da noite. Provincia de Qingdao, uma das zonas rurais do pais.Hotel: qualidade fraca. A casa de banho deixa muito a desejar, diz muito sobre o hotel! Temos 5 minutos apenas. Da para uma ida a casa de banho e refrescar-me um pouco.

Dirijo-me a uma pequena sala onde vamos ter um jantar. Mesa redonda!Segundo os costumes chineses a o primeiro a sentar-se e a pessoa mais importante (o meu chefe!). Assim foi definido previamente. Em frente senta-se o segundo mais importante. O chefe dos nossos colegas da China. O resto das pessoas (6 no total) sentam-se a volta (os que falam apenas chines sentam-se lado a lado - 4 no total). O jantar decorre com alguma tranquilidade. Nao sei muito bem como me comportar. As diferencas culturais podem criar situacoes embaracosas e nao convem muito numa viagem de negocios. Passo a maior parte do tempo calada. Nao ha-de ser nada. Amanha ha-de correr melhor.

Ate consegui dormir bem. Acordo cedo para ir para a fabrica. Antes o pequeno almoco: arroz, fritos entre outros pratos chineses. Salvou-se a melancia, um ovo cozido e umas fatias de bolo (gracas a Deus). Quem sobrevive a esta comida aguenta qualquer coisa!

Visitamos a fabrica por volta das 9 horas. Cerca de 1h30m depois chegam as autoridades fiscais: highlight desta viagem. 4 inspectores fiscais aparecem com um camara man e um fotografo. Querem gravar e fotografar uma entrevista com os investidores estrangeiros detentores da empresa. Objectivo: mostrar que muitas empresas de capital estrangeiro investem na China e que isso e muito vantajoso em termos fiscais! Comecamos por tirar umas fotos com os inspectores fiscais chineses e os nossos colegas da China. Varios sorrisos! Mais fotos e gravacoes.

Apenas um deles fala ingles. E pouco... O meu colega holandes acaba por lhe perguntar se quer que faca um pequeno discurso a indicar o quanto estamos gratos as autoridades chinesas por nos terem dado estes incentivos fiscais. Mais umas fotos e sorrisos! E mesmo surreal! Os inspectores fiscais estao encantados por nos verem la. Nao nos podemos esquecer que estamos numa parte rural da China. Mais umas fotos e gravacoes e algumas trocas de palavras absurdas. Ja nao me consigo aguentar. Tenho a boca escancarada ha 15 minutos. E pior que uma ida ao dentista!Finalmente vao embora. Podemos voltar ao trabalho.

Depois de uma apresentacao da gestao seguimos para visitar um cliente: um distribuidor que tem uma loja. As condicoes sao bastante precarias. 10 minutos e ja me sinto regelada. Devem estar abaixo de zero graus e estas pessoas nao tem aquecimento.Esquecemo-nos da sorte que temos hoje em dia.

De volta para o aeroporto! Proximo destino: Beijing

Saturday, December 09, 2006

Lost in Translation – Part I – Ho Chi Minh City

Dezembro de 2006

Fico impressionada com o “a vontade” que os francesese adaptam tudo e mais alguma coisas para a sua lingua mae. Antes da partida para o Vietname estava eu comodamente a espera da chamada para o aviao quando se ouviu pelo altifalante “Departure to Ho Chi Minh ville...” Ho Chi Minh ville??? Para os que estao a tentar decifrar que raio de lugar e isto dou uma pequena ajuda: Saigao, Vietname! O nome porque tambem e conhecida internacionalmente e Ho Chi Minh City! Os franceses tinham de arranjar uma porcaria de uma maneira de por isto mais afrancesado.

Mas deixemo-nos de francesismos! A chegada a Saigao e algo de impressionante! Assim que entramos na viatura (convenientemente arranjada para nos ir buscar) e arrancamos quase chocamos com uma mota, e duas, e tres, e quatro... Bolas sao as centenas e causam um transito caotico! Sera que vamos sobreviver?! Aparentemente neste caos consegue haver alguma flexibilidade na conducao o que evita alguns acidentes! Impressionante.

Comecamos desde logo a ver os famosos chapeuzinhos de palha das vietnamitas que protegem do sol e tambem do vento e da poluicao. Uma maravilha!Os vietnamitas sao um povo muito simpatico! Se se acenar e sorrir consegue-se de imediato a mesma reaccao: um aceno e um sorriso!


Na zona sul de Saigao e raro o turista que se veja a caminhar na rua. Ao principio ficamos um bocado com uma ideia de um destino meio tropical com muitos restaurantes e cafes ao ar livre. Sim porque a temperatura vai la para os 30 graus nesta altura do ano. Sim senhor, da para transpirar em bica! Seguimos nos rua fora onde vejo pela primeira vez um nome conhecido: KFC (Kentucky Fried Chicken). Uau! O mais impressionante e que nao se encontra um unico Mcdonalds! Coisa rara hoje em dia! Reparo que em vez do Mcdonald’s podemos sempre encontrar uma Lotteria! (nao tem nada a ver com o totoloto nao)! E como se fosse um irmao semi-gemeo do Mcdonalds. Jackpot!

Acabamos por chegar ao fim de 45 minutos finalmente ao centro da cidade (depois de um transito caotico onde andam todos muito devagarinho, ha mais motocicletas que carros, os carros e as motas nao respeitam as passadeiras (uma pessoa pode ja estar no meio da passadeira e levar com um carro em cima e uma apitadela). Chegamos ao hotel ja quase em cima da hora de jantar: da para um duche de 30 minutos. Seguimos para um encontro qualquer de empresarios holandeses a viver em Saigao, pessoas da embaixada e outros pessoas ligadas ao miniterio da agricultura. Nao sei se perceberam muito bem mas eu e que nao percebi quem e que la estav. Para mim nesta altura do campeonato estar com holandeses ou vietnamitas e-me igual. Nao percebo nada do que dizem!Como podem deduzir foi super interessante! Nao fosse a comida e a bebida teria sido o tedio completo. Depois ainda fomos jantar. Isto depois de 16 horas de viagem mais 6 horas de diferenca horaria. Uma pessoa tem de ter ca uma resistencia! Valha-nos Deus!

No dia seguinte (fresca que nem uma alface com tres dias) la fui para a reuniao de budget com os meus dois colegas. Mais tres quartos de hora de viagem. A meio do caminho passamos por uma estrada completamente inundada. O furacao Durian fez uns quantos estragos uns dias antes. So no Vietnam morreram 62 pessoas, 19 desapareceram e 1000 ficaram feridas.

Finalmente chegamos a empresa! A reuniao decorre durante uma manha. E a primeira vez que vejo uma equipa de mulheres (tres mais concretamente) a frente da equipa comercial. Sim senhora! Estas vietnamitas sao de ferro!

Vamos almocar uma sopita de noodles num tipico restaurante vietnamita (tipo “uma tasca). Ate nao e ma a comida. Depois de almoco vamos visitar a fabrica. Vem o responsavel da fabrica: uma mulher! Caramba! No Ocidente temos muito que aprender com este povo. E a primeira vez que vez isto no negocio da racao!

No dia seguinte temos o descanso de ser sabado. O pior e acordar para ir tomar o pequeno almoco (que acaba as 9h) depois de ter deitado as duas da manha. Volto para o quarto e decido que nao vale a pena voltar a dormir. Vou antes fazer uns tratamentos de beleza. Dirijo-me ao hotel de 5 estrelas mais proximo: o caravelle. O SPA e maravilho: 3 horas de tratamento do corpo e da cara e ainda um jacuzzi e um almoco leve para terminar. Tudo no maior dos luxos! Isto e que e vida! Ao menos que hajam alguns prazeres destas viagens desgastantes!

Durante a tarde cancelo a ida a casa do nosso colega que ca trabalha. Quero aproveitar para ver um bocado a cidade, tirar umas fotos. Uma miuda nova de olhos e pele clara nestes paises chama um bocado a atencao. Tento ignorar o que se passa a minha volta. Nao vou muito alem da zona turistica, e melhor nao arriscar.

Decido sair um bocado da rua e vou ao centro comercial (mesmo ao pe do hotel). Sempre e mais agradavel. Vem-se mais estrangeiros. Depois sigo para o hotel do lado. Vou a mais uma massagem (sim foi para ocupar o tempo e tambem porque me estava a apetecer, o calor estava insuportavel!).

Dia seguinte toca a levantar as 4 da madrugada e partir para o aeroporto. O aviao parte as 6h e faz escala em Hong Kong. Destino: Qingdao, China.

Jet Lag

Dezembro de 2006

Penso por diversas vezes no que me fez partir do pais do sol, praias, boa comida, boa bebida (sim, a comida vai ser uma constante deste blog). Aqui me encontro neste momento sentada no aeroporto de Charles de Gaulle com dois colegas holandeses prestes a partir para Saigao (Vietname) para uma reuniao de budget. De seguida o destino e a China (Qingdao e Pequim).

Ha uma ideia generalizada que quem viaja a trabalho vai passear! Sim, posso dizer que ha alguma verdade nisso quando se fica o fim de semana ou ate alguns dias depois realmente a passear. Fora isso nao vejo qualquer divertimento. O desgaste que estas deslocacoes causam e bastante grande.

Comeca pela correria para o aeroporto. Vamos sempre em cima da hora para poder trabalhar ao maximo. Chegamos por vezes quase a correr no aeroporto para poder entrar no aviao ja depois de todos terem entrado. Caso tenhamos bagagem de mao arriscamos a nao ter lugar e ter de deixa-la 20 lugares a frente.
Quando chegamos ao destino ja e tarde e de manha somos forcados a levantar-nos cedissimo. Um dia inteiro de reunioes e discussoes onde esperam que cumpramos o nosso papel sempre com uma postura profissional. E todo o tempo temos de ser polite! Business polite! Dear isto, dear aquilo.... Enfim, vem por fim o jantar onde temos que continuar alegres e felizes e fazer conversa de circunstancia quando so nos apetece realmente e ir dormir e ter um pouco de descanso. Dia seguinte, levantar cedo outra vez. Terminar a reuniao ate a hora de almoco e depois correr para apanhar o aviao. Chegamos a casa estafados! Mas no dia seguinte ja temos de ir trabalhar outra vez. Bolas, nunca mais chega o fim de semana!


Antes da viagem ainda houve um trabalho preparatorio extenso. Depois da viagem ha que preparar os relatorios da viagem e follow up de todas as situacoes discutidas. Quando se termina ja temos de preparar a proxima viagem. O stress e constante! Quando se tem de controlar varios paises entao a coisa fica complicada!

Ainda por cima ha que voltar a um pais que e estranho onde a unica comida tipica sao as panquecas e umas bolachas stroopwaffels. Que entusiasmo! Nao fosse o nivel salarial elevado e a oportunidade de carreira que representa certamente nao estaria aqui. Ate mais facilmente viveria na Belgica ou na Alemanha. A unica coisa boa de que posso falar da Holanda e do bom salmao fumado que tem. As panquecas tambem se toleram!

Esta na hora de ir apanhar o aviao.

Voila!

Monday, December 04, 2006

In America – Lewisburg, Ohio

Agosto 2006

Sempre tive uma curiosidade imensa em conhecer em conhecer Nova Iorque. A expectativa era muita. Talvez demasiada. De qualquer forma deu para saciar a vontade. Nao pensaria na altura que uns meses depois iria visitar o outro lado da America.Aquele que normalmente o turista medio nao visitaria. Refiro-me a Lewisburg, Ohio.

O primeiro contacto que tivemos com o americano medio foi um : "How ya doin?" Nao estava a espera que respondessemos claro! Uma simples resposta "Fine and you?" poderia ter causado uma lesao grave no cerebro deste simples homem. A melhor resposta acabei por perceber ser apenas um sorriso! Uma pessoa aprende a lidar com diferentes Q.I. ao longo da vida. O americano medio e ate bastante facil de lidar.

Um americano e forcado a sorrir constantemente. Dou um exemplo: um americano medio que trabalhe num restaurante recebe um salario ridiculo tendo que escancarar constantemente um sorriso "How ya doin?' para receber uma gorjeta generosa (acima de 15% da conta pois menos do que isso correm com o cliente a pancada) que lhe permita sobreviver.


Achei impressionante como os nossos colegas Americanos conseguiam estar sempre sorridentes. Inicialmente ficamos com a ideia: ah, que povo tao simpatico e tal. Como estava com o chefe pensei que seria a normal atitude para agradar o chefe. Por arrasto levei com a mesma simpatia. Ao fim de tres dias ja me era dificil engolir tamanha simpatia. Comecava a ser suspeito!

Enfim, ao quinto dia (e ultimo, gracas a Deus) finalmente descrobri o segredo do sorriso pepsodent. Assim que me sentei ao pequeno almoco do hotel ja se encontravam na mesa dois americanos. Depois dos cumprimentos iniciais de bom dia reparei que um dos americanos tirava varios comprimidos de uma caixinha. Fiz a figura de ignorante que tao bem sei fazer e perguntei: "Desculpe a pergunta mas porque tantos comprimidos?". Resposta : um serve para suprir as necessidades de Omega 3, outro para suprir necessidades de vitamina A, este vitamina B, e assim por diante. Nova pergunta da minha parte: "Nao seria mais facil tomar os alimentos que contem esses nutrientes?" Resposta: por muito que consumisse nao conseguiria consumir todos os nutrientes que os comprimidos me fornecem. Contra factos nao ha argumentos!O outro americano ainda comentou:"Tomo 16 comprimidos por dia". Realmente volto a repetir: contra factos nao ha argumentos! Estava explicado o enigma! Era surreal! Era dos comprimidos!

Na America ainda se conseguem ver as coisas mais absurdas. Passamos de carro por uma pequena localidade. Imaginem so: uma igreja a venda! Sim, uma igreja!!! E caso para dizer "valha-nos Deus"! Estavamos na America. Tudo e possivel!

Fiquei feliz de partir! Nao sem a entrada do aviao se encontrar uma senhora estrategicamente colocada que nos fez questao de dizer "How ya doin?". Julgo era o unico objectivo do seu trabalho. Entrei no aviao com a sensacao de felicidade por nao me sentir feliz todos os dias! A minha felicidade, mais que nao seja, e genuina e vem de prazeres como comer um bom cozido a portuguesa, uma boa sardinha assada, um bom vinho (que alias tambem satisfaz plenamente o meu chefe em substituto dos comprimidos) e uma boa noite de sono. Para mim e suficiente! Nao ha comprimidos que justifiquem isso.

Por hoje chega!